quinta-feira, 24 de dezembro de 2020

it vanishes into thin air

Eu estou desgastada. Profundamente só. Sofrendo intensamente. E isso não tem nome. Estou me agarrando a qualquer coisa. Qualquer coisa. Mas eu só sinto medo. O tempo todo. Eu quero o tempo todo fugir de onde eu estou. Não interessa onde eu estou. Eu quero fugir. O que é isso? Eu quero conectar. Eu quero criar raízes. Eu quero algo definitivo. mas eu quero fugir. Dá pra conseguir isso fugindo? E fugindo de onde? Pra onde? Se eu fujo de mim, eu posso me levar comigo? Eu ando supercompensando as coisas há tanto tempo, que eu não sei mais fazer diferente. Eu chamo de pessimismo otimista. Tá tudo um caos, mas ta tudo bem. Eu sou o caos. Dá pra ser outra coisa que não o caos? Dá pra querer parar de ir embora de todos os lugares e de todas as pessoas, enquanto você quer tanto pertencer a um lugar e às pessoas? É um impeto. Ou, O ímpeto... e é tão violento que me paralisa. Mas também me balança, e me quebra contra as rochas. Eu queria voltar a um lugar mais simples. Numa época mais simples. Mas isso nunca existiu. Existiu? É só medo.

terça-feira, 17 de julho de 2012

"E eu te recriei, só pro meu prazer..."

Eu não mudaria nada em você, já que você tem a pupila necessária pra me fazer ficar.

Eu não mudaria nada em você, já que você tem simetria: minha confusão e minha certeza.

Eu não mudaria nada em você, já que você não me tem, com uma certeza absoluta.

Eu não mudaria nada em você, já que você não acredita em certezas.

Eu não mudaria nada em você, já que você deixa meu corpo num bicolor lindo: a sua pele sobre a minha.

Eu não mudaria nada em você, já que você deixa meu mundo em tons de cinza, mas sem fronteiras, sem as fronteiras do bicolor.

Eu não mudaria nada em você, porque você tem esse jeito de calar a vida, e quando a deixa entrar, por um descuido qualquer, enquanto tenta manter-se incólume a qualquer coisa que possa te tocar, você radia, discreto, sem perturbar a alvorada.

Eu não mudaria nada em você, porque você tem o coração partido, a cabeça perturbada, a guarda alta, e a presença insultante. E porque, quando eu não quero gostar disso, eu me lembro que você não me culpa, não me julga, não me limita.

Eu não mudaria nada em você, porque eu não sou sua mãe, nem sua irmã, nem amiga sua. Nem sua babá, nem sua analista, nem sua médica. Porque todas já estão em seu devido lugar, e eu não reinventaria o meu.

E eu não mudaria você, porque eu não posso ficar, nem te ser simétrica ou não me dar. Nem ser bicolor, ou tons de cinza, ou sem fronteiras. Nem ver sua auto-alvorada, nem aceitar sua indulgência ou o meu lugar na terceira classe.

Eu não mudaria nada em você, porque eu nos escolhi assim.

quarta-feira, 11 de julho de 2012

"Eu tô ficando velha, eu tô ficando louca"

Você tem uma presença dominadora e um olhar manso: duas coisas que não combinam muito bem. Deixo o olhar manso por minha conta, porque eu sempre revejo esses olhares, acho que porque eu gosto de olhares mansos e defino, assim, o que é indefinido. Esse olhar manso é o mesmo olhar de todos os homens da minha vida, quero dizer, de todos os homens que eu adimiro, seja por um caráter avassalador, ou por uma postura pouco iludida em face da vida.

Eu olho bem o que você é, aos meus olhos, e o que você é, aos seus, e gosto mais da minha versão. De todas as ilusões, só não refuto as imaginadas por mim - uma mulher precisa de pequenas alegrias, e, parte das minhas é constituida por fantasiar caráters inexistentes; posturas encendiárias; ocultismo; complexidade, onde só há frivolidade e... profundidade.

E eu gosto de te imaginar dominando um espírito livre, como eu. E eu gosto de me imaginar dominando um espirito livre, como você, ainda que sabendo que nenhum de nós é derveras livre. E eu gosto de te imaginar fora das minhas neuroses, e de me imaginar fora das suas. De você, quero a mente livre. De mim, o corpo. E de mentes, e corpos livres, ai sim, dois espíritos em plenitude.

E assim, de imaginação, em imaginação, estamos em face de algo belo, e eu prefiro o belo, em contraposição à beleza. Não há vida sem o belo, e não há o belo sem as vicissitudes da vida. Coloco-te, assim, no meu pedestal de perfeição, à esquerda dos que vieram antes de ti, à direita dos que virão, e perfeitamente acomodado entre as prateleiras "experiência" e "dignidade".

Torno-te o exemplo do pragmatismo com que me conduzo, e me orgulho de ser bem sucedida também nisso. E diante do que 'eu' significa, conheço o real sentido de perfeição, e você, e o anterior a você, e o anterior ao anterior a você se tornam parte da perfeição.

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Deixe.

E me pediu pra olhar em seus olhos e desejar voltar. Mas eu não desejei, não olhei, não tentei. Não quis nada disso. Não pensei em nada disso. Deixei fluir, deixei correr, deixei passar, deixei estar, deixei pra lá, deixei. E no começo, ah, no começo de deixar, eu tinha raiva, vai. E depois não tinha mais nada. Mas ela insistia em se fazer presente, até que eu decidi que ela não estava mais no presente, e portanto, não estava mais ali. E deixei fluir, deixei correr, deixei passar, deixei estar, deixei pra lá, deixei. E ela entendeu, eu acho. Era uma mulher inteligente, em potencial, entenderia, sim. Poderia ter tinos de louca, mas isso já não me compete dizer, não cheguei nessa camada de sua existência (será que descobriria assim?)-Claro, tudo que eu precisava nesse momento era uma louca, ou melhor, outra.- Mas ela não foi... Alívio. Que deixe fluir, deixe correr, deixe passar, deixe estar, deixe pra lá, deixe.

sábado, 2 de julho de 2011

When will I see you again?

"Menos pela cicatriz deixada, uma ferida antiga mede-se mais exatamente pela dor que provocou, e para sempre perdeu-se no momento em que cessou de doer, embora lateje louca nos dias de chuva". CFA.


Hoje está chovendo. Muito.

quinta-feira, 10 de março de 2011

APRENDE. APRENDE QUE DÓI MENOS.

Ainda não estou entendendo o que a vida anda querendo me dizer, em parte porque eu sou muito burra pra enxergar um palmo na frente do nariz e em parte porque é difícil dizer adeus a sentimentos bons. Estou seriamente começando a entender que essa paixão toda é só paixão pela paixão. Paixão é um sentimento tão bom que quando temos que abrir mão a gente não quer, é compreensível, não é? Poucas coisas causam tanta euforia quanto a paixão, tanto bem estar, tanta felicidade gratuita.
Quando eu olho pra trás, ou melhor, quando eu olho de frente, eu vejo um corpo se debatendo, esperneando, feito criança, quando quer um brinquedo, e não pode. Já disse Carpinejar "A rejeição é a maior atração que existe."
Eu não paro de repetir o quanto ele é falho, babaca, fraco e burro, e me lembrar que eu fui rejeitada por um fraco, babaca, falho e burro e o quanto isso não me importa, porque o bom supera essa coisas na minha mente juvenil. Como é difícil limpar gavetas...Pra mim. Eu limpo, jogo fora as coisas velhas, ajeito as roupas... e uma semana depois já está tudo zoneado de novo. E se eu não consigo manter organizadas minhas gavetas, imagine então sistemas um "pouco" mais complexos, tipo, mente, espírito, coração.
OOOHh, meu Deus, me ensina, me faz entender que existem milhões de outras coisas boas por vir, que eu não preciso me agarrar a esses cacos... APRENDE. APRENDE QUE DÓI MENOS.

domingo, 27 de fevereiro de 2011

Abstinência.

Eu queria estuprar a sua boca, já que você não quer me dar mais o seu beijo e eu não aguento mais compará-la a todas as outras bocas que eu encontro por ai. Abstinência.